Neste fim de semana, os moradores dos bairros de Brás de Pina e Cordovil, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foram surpreendidos com o fechamento de duas igrejas católicas. As paróquias de Santa Edwiges e Santa Cecília tiveram suas celebrações de casamentos e batizados suspensas por ordem do traficante conhecido como “Peixão”, chefe do tráfico no Complexo de Israel. Motoqueiros armados com fuzis visitaram as igrejas para comunicar a decisão.
A Paróquia de Santa Edwiges, sem mencionar a intimidação dos criminosos, informou através das redes sociais o cancelamento de sua festa julina e das missas programadas para o sábado e domingo. A igreja permanecerá fechada até novo aviso.

O caso foi levado ao comando do 16º BPM (Olaria), responsável pelo policiamento na região, mas ainda não houve uma ação efetiva.
A cientista política Kristina Hinz, vinculada ao Laboratório de Análise da Violência da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e doutoranda na Free University de Berlim, observa que muitos estudiosos utilizam o termo naecopentecostalismo ao investigar o envolvimento de narcotraficantes com religiões neopentecostais, tanto em seus comportamentos públicos quanto em suas atividades ilícitas.
O Complexo de Israel, controlado pelo criminoso Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, surgiu durante a pandemia da covid-19. Além do tráfico de drogas, o grupo criminoso busca impor o pentecostalismo como religião predominante na região.