Demissões voluntárias atingem recorde no Brasil com mais de 7 milhões em 2023, revela pesquisa

As demissões voluntárias cresceram no Brasil, alcançando um recorde de 7,3 milhões de pessoas em 2023, representando 34% do total de mais de 21,5 milhões de desligamentos registrados. Esses dados foram compilados pela LCA Consultores com base nas informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Esse montante representa um aumento de 7,9% em relação ao ano anterior, refletindo uma tendência de crescimento observada durante a pandemia de Covid-19 no país.

Especialistas apontam que esse cenário indica uma recuperação econômica após a crise sanitária, bem como uma mudança nas prioridades dos profissionais, especialmente os mais jovens, em meio a um contexto de transformações nas relações de trabalho devido à popularização do home office.

Filipe Fonoff, professor de pós-graduação em gestão de pessoas e consultor empresarial, explica que dois fatores contribuem para esses indicadores: a redução da taxa de desemprego e a maior dinâmica do mercado de trabalho.

Ele destaca que estados como Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, que registraram mais demissões voluntárias, possuem baixas taxas de desemprego, com 3,6% e 4%, respectivamente, de acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A média nacional de desemprego foi de 7,8% em 2023, a menor em quase uma década, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada no final de janeiro.

No entanto, Fonoff ressalta que estados com as menores taxas de desemprego, como Rondônia, também apresentam uma alta rotatividade no mercado de trabalho, o que indica que o cenário laboral brasileiro não apenas reflete o pleno emprego, mas também a facilidade e rapidez com que a população consegue encontrar novas oportunidades de trabalho, muitas vezes com condições melhores.

Em relação ao volume, São Paulo lidera com o maior número de demissões voluntárias. No ano passado, 6,73 milhões de pessoas foram demitidas no estado, sendo 2,33 milhões por vontade própria, representando 34,6% do total.

O estudo também aponta que trabalhadores com pós-graduação completa apresentam uma frequência maior de demissões voluntárias. Entre os profissionais com esse nível de escolaridade, 46,9% das demissões foram feitas a pedido do empregado.

A faixa etária mais propensa a pedir demissão é a dos jovens entre 18 e 24 anos, representando 39,5% do total de desligamentos. Esse movimento é seguido pelos jovens de até 17 anos e aqueles entre 25 e 29 anos, com 36,5% cada.

Em resumo, esse aumento nas demissões voluntárias reflete uma nova visão dos profissionais, especialmente os jovens, sobre o trabalho e o futuro, bem como as transformações nas relações de trabalho impulsionadas pela pandemia e pela adoção do home office.

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