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Ucranianos relatam medo de serem enviados à força para campos de refugiados na Rússia

Por várias semanas, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky vem denunciando que centenas de milhares de ucranianos estão sendo levados à força para a Rússia por meio de centros de triagem. Moscou reconhece que cerca de 500.000 “refugiados” ucranianos estariam na Rússia hoje. Organizações de defesa dos direitos humanos investigam as condições desses deslocamentos, mas poucas pessoas que passaram por esses acampamentos estão livres para depor.

Nas áreas sob domínio russo no leste e sul da Ucrânia, os moradores têm medo de fazer parte da próxima onda de deslocamentos forçados para a Rússia, como relatam as correspondentes especiais da RFI Aabla Jounaïdi e Oriane Verdier.

Num pequeno café ao lado da estação de trem de Odessa, as jornalistas conversaram com Maria, uma ucraniana que havia acabado de fugir de Kherson. “Os invasores russos anunciaram que fechariam a região de Kherson de 1° a 10 de maio para fazer um falso referendo, criar um dia da independência e nos anexar à Rússia”, conta a refugiada. “Tínhamos medo de que eles nos deportassem para a Rússia e nos obrigassem a pegar um ônibus para a Sibéria, para o Extremo Oriente russo ou para Sakhalin [uma ilha russa ao norte do Japão]”, acrescentou a mulher.

O prefeito de Mariupol foi um dos primeiros a alertar sobre o que denunciou como sendo uma “deportação” dos habitantes de sua cidade. Foi o que aconteceu com o sobrinho de Lara, uma ucraniana que fugiu de Mariupol. “Meu sobrinho me ligou do telefone de outra pessoa. Eu entendi que ele estava sob pressão porque tínhamos combinado um código. Então, eu fiz as perguntas com muito cuidado e só tivemos alguns minutos de conversa”, explica. “Ele me disse que seu telefone havia sido tirado dele, e que agora seria deportado para a Rússia ou, na pior das hipóteses, convocado para o serviço militar da República Popular de Donetsk”, diz ela.

Vários testemunhos semelhantes apareceram nos últimos dias na mídia ucraniana. Todos os refugiados passaram por este campo de triagem localizado na autoproclamada República de Donetsk, sob autoridade de Moscou. De lá, mulheres e crianças seriam então enviadas para regiões pouco povoadas da Rússia.

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