Com 40% dos leitos impedidos na rede federal no RJ, única emergência tem pacientes pelos corredores

No Hospital Cardoso Fontes, o corredor foi transformado em enfermaria. Já na unidade de Bonsucesso, alas reformadas estão vazias por falta de profissionais. Prefeitura do Rio diz que rede federal poderia realizar 130 mil consultas e exames, mas só fez 47 mil.

A rede federal de hospitais no Rio de Janeiro ficou com 40% de seus leitos impedidos de serem utilizados durante este ano. No Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, única emergência administrada pelo Ministério da Saúde na capital fluminense que ainda está de portas abertas, pacientes são colocados nos corredores e profissionais dizem estar exaustos devido a sobrecarga.

Como o RJTV vem mostrando ao longo do mês de outubro, a rede federal hospitalar no Rio vem sofrendo com problemas de gestão em 2021.

  • Ministério da Saúde quer trocar gestores de 5 hospitais no Rio
  • Diretora de hospital federal do Rio confirma ter sofrido pressão para manter empresa irregular
  • Documento da CPI da Covid aponta corrupção, fraude e peculato em contratos de hospitais federais no Rio
  • Ministério da Saúde tenta manter contrato com empresa acusada de irregularidades

 

No Hospital Cardoso Fontes, o corredor da emergência foi transformado em enfermaria. Atualmente, o hospital conta com pelo menos 11 pacientes sem um local adequado para o tratamento.

“São mais de doze macas (no corredor). Nós não temos mais onde colocar pacientes. Tem paciente agora já obstruindo a passagem por onde deveria transitar macas e cadeiras em caso de urgência ou de exames. Pacientes nas portas. Enfim, é uma verdadeira loucura a situação em que se encontra o Cardoso Fontes e isso já faz dias”, contou um funcionário da unidade.

No espaço reservado para pacientes graves, onde deveria ter oito pessoas, 15 pacientes recebiam atendimento na manhã desta terça-feira (19). A maioria dos internos nesse local são idosos que precisam de cuidados personalizados.

“Uma equipe extremamente sobrecarregada, pacientes de alta complexidade, de cuidados integrais. Aonde um técnico de enfermagem deveria ficar no máximo com três pacientes, tá ficando com sete pacientes. É uma jornada de trabalho exaustiva”, denunciou o profissional da saúde.

No Rio, apenas um hospital da rede federal está com emergência aberta

Segundo o funcionário do Cardoso Fontes que não quis revelar sua identidade, a atual situação do hospital impede um atendimento adequado para quem precisa.

“É impossível se trabalhar dessa forma, prestar uma assistência de qualidade decente, pelo menos segura, para o paciente. A gente não consegue assistir todo mundo ao mesmo tempo, a gente não consegue dar comida na hora que a comida chega, a gente não consegue trocar a fralda quando o paciente necessita. Todos os cuidados, eles são feitos com atraso, com uma equipe que está extremamente cansada, exaurida de trabalhar dessa forma”, comentou.

Unidade federal vazia

 

Enquanto no Hospital Cardoso Fontes há lotação, o Hospital Federal de Bonsucesso tem alas reformadas e prontas para funcionar desde junho. Contudo, todas estão vazias porque faltam profissionais para trabalhar.

Muitos serviços na unidade estão interrompidos desde o ano passado, quando um incêndio destruiu parte do prédio 1. Alguns setores estão fechados:

  • mamografia;
  • raio X;
  • emergência;
  • cardiologia;
  • neurocirurgia;
  • ortopedia;
  • urologia;
  • cirurgia vascular, cabeça e pescoço;
  • e a unidade pós-operatória.

 

Apesar de ser um hospital referência para grávidas de alto risco, a unidade federal de Bonsucesso está com o CTI fechado, o que coloca em risco as pacientes.

Prefeitura cobra transparência

 

Nesta terça, a Prefeitura do Rio cobrou mais transparência do Governo Federal. Além disso, o município enviou um ofício a superintendência do Ministério da Saúde pedindo que 30% dos leitos de cada unidade federal na cidade sejam cedidos para a Central de Regulação, que distribui as vagas nos hospitais.

Rede federal no Rio tem hospital sobrecarregado e unidade subutilizada — Foto: Reprodução TV Globo

Segundo os gestores municipais, a rede federal poderia ofertar por mês mais que o dobro do número de atendimentos que são feitos atualmente. A prefeitura diz que a rede federal no Rio poderia realizar mais de 130 mil consultas e exames por mês, pela quantidade de médicos e pela capacidade de atendimento.

Contudo, segundo o município, os hospitais federais só fazem pouco mais de 47 mil consultas e exames. Seriam quase 84 mil atendimentos a menos do que a capacidade.

Em relação a quantidade de leitos, a prefeitura diz que apenas 1% do total da rede federal foi ofertado para o sistema de regulação.

Mais Matérias

Pesquisar...