O zagueiro Wagner Leonardo, que entrou no Santos durante o segundo na vitória sobre o Atlético-MG pelo Brasileiro, deu um belo exemplo fora das quatro linhas durante a pandemia.
Ao lado de amigos, o defensor de 20 anos distribuiu mais de 200 pratos de sopa para pessoas que moram nas ruas de Santos.
O projeto foi idealizado por um barbeiro, que além de cortar de graça de graça o cabelo dos moradores, cozinha em casa as refeições que serão doadas.
“Ele faz isso há muito tempo com dinheiro do próprio bolso e dos amigos que ajudam. Nós fomos ao centro de Santos e a fila dobrava o quarteirão. É muito gratificante poder ajudar. Isso vai se multiplicando e gerando alegrias. Essas pessoas precisam de amor”, contou ao ESPN.com.br.
O zagueiro conta que desde garoto costumava ir quase toda semana de Kombi ao lado dos pais para levar comida para a região mais carente da cidade.
“Algumas pessoas gostam de ajudar para ficar mostrando nas redes sociais. Eu não sou assim. A minha ideia de postar foi para inspirar outras pessoas a ajudarem também. Não precisa de muito dinheiro para contribuir”, afirmou.
Além disso, Wagner fez uma live beneficente com um grupo de pagode da igreja que frequenta para arrecadar fundos.
“No frio, eu sempre trago algum agasalho ou cobertor para entregar. Sempre que tenho um tempo livre eu ajudo. Minha vida nem sempre foi fácil, já passei por dificuldades e sei como é isso”, analisou.
Carreira
Criado em Santos, Wagner jogava em escolinhas do ex-jogador santista Flávio Antunes antes de ir para a base e virar um “Menino da Vila”, aos 10 anos.
O garoto começou como meia esquerda, mas ele foi deslocado pelo treinador Emerson Balio para a zaga porque ele jogava no futsal como fixo.
“Encarei isso como uma oportunidade e nunca mais saí da posição desde o meu primeiro treino”, afirmou.
O jovem passou por todas as categorias do clube santista (incluindo a sub-23).
Nos último lance da final do Paulista sub-17 contra o São Paulo, Wagner viveu o momento mais complicado da carreira.
“Fui girar para correr e fraturei a tíbia na altura do joelho. Foram nove meses sem jogar bola e foi um divisor de águas na minha vida. Eu ainda mancava quando voltei e não sabia se poderia voltar a jogar em alto nível. Mas graças a Deus eu pude me recuperar bem”, contou.
Ele retomou espaço e virou capitão no sub-17 e no sub-20.
“Fazia alguns gols na base. Me destaquei bastante na base e foram grandes momentos. Consegui sequência jogando”, contou.
Depois da Copa São Paulo de 2019, Wagner foi chamado pelo técnico Jorge Sampaoli para treinar com o elenco principal.
“Nós fomos vice-campeões do Brasileiro e foi um grande treinador. É um trabalho de nível muito alto. O pessoal brinca dele ser agitado nos jogos, mas é a maneira dele de querer vencer”, contou.
Sampaoli tinha costume de fazer trabalhos separados por setor (zaga, meio de campo e ataque) no começo da semana. Perto dos jogos, ele armava a equipe de acordo com o sistema de adversário.
Para cada partida ele montava uma estratégia diferente e costumava explicar até o ligar do campo onde iriam sair os gols.
“Ele leva os treinos muito a sério. É muito intenso e cobra bastante os jogadores em formação. Era um cara que também conversava com a gente. Foi muito bom trabalhar com a chegada dele aos profissionais e poder aprender”, agradeceu.
Sonho de ser ídolo
Wagner estreou pelos profissionais contra o São Paulo no estádio do Pacaembu.
“Ficava esperando a oportunidade com muita ansiedade. Nosso time era experiente e todo mundo me passou tranquilidade. Entrei em campo muito leve e sabendo o que tinha que fazer. Foi uma experiência incrível. Quero viver mais momentos assim”, comemorou.
O zagueiro permaneceu no grupo principal com o técnico argentino e depois com Jesualdo Ferreira, mas não teve outras oportunidades.
Com a chegada de Cuca, Wagner passou a ter mais espaço.
“Ele é treinador muito experiente e vitorioso que chegou para nos ajudar. O trabalho dele já está sendo implementado aos poucos porque foi um ano bem diferente por causa da pandemia. É um jogo atrás do outro”.
“O Cuca está fechado com o grupo e vamos lutar para estar bem em todas as competições. Queremos brigar por títulos pela grandeza do Santos”.
O defensor, que fez a segunda partida pelo profissional na noite de quarta-feira contra o Atlético-MG, espera virar um ídolo santista.
“Estrou trabalhando todos os dias porque quando o professor precisa de mim vou me entregar ao máximo. Quero poder ajudar o Santos da melhor forma”.
“Tenho muita fé e acredito que Deus me colocou no Santos. Tenho muita vontade de fazer história aqui e ser uma pessoa que tem amor pelo clube. Estou desde pequeno e quero conquistar coisas”.