Quatro anos depois dos Jogos Rio-2016, qualidade da água da Baía de Guanabara está pior, aponta Inea

Uma das promessas de legado dos Jogos Olímpicos Rio-2016 era a despoluição da Baía de Guanabara. Passados 4 anos, a situação no geral piorou, segundo dados do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

De acordo com os últimos registros disponíveis, as amostras do espelho d’água com qualidade péssima ou ruim subiram 75%, até o fim de 2019. Rios e canais também apresentam índices piores.

O monitoramento do espelho d’água da baía é feito através da análise de 15 parâmetros físico-químicos e biológicos. Mas as ações de controle foram interrompidas em março por causa da pandemia do novo coronavírus.

Sobre as amostras do espelho d’água*:

  • No boletim de 2016-2017, a baía tinha 38% das amostras de estações classificadas como péssimas ou ruins. O percentual passou para 66,6% em 2019, uma alta de 75%;
  • 4,8% dessas amostras terminaram sem informação;
  • Nenhuma estação fechou o ano passado com índice de qualidade de água boa ou ótima.

Sobre rios e canais que deságuam na baía*:

  • De acordo com o boletim consolidado de 2016, das 55 estações de amostragem da região hidrográfica, 73% foram classificadas como péssimas (32%) ou ruins (41%);
  • De acordo com os dados de 2019, do total das amostras de rios e canais, 81% eram das piores categorias (43% péssima e 38% ruim);
  • Não houve aumento das estações com amostras boas, entre 2016 e 2019: seguiram em 3,6%.

Sobre rios e canais que deságuam na baía*:

  • De acordo com o boletim consolidado de 2016, das 55 estações de amostragem da região hidrográfica, 73% foram classificadas como péssimas (32%) ou ruins (41%);
  • De acordo com os dados de 2019, do total das amostras de rios e canais, 81% eram das piores categorias (43% péssima e 38% ruim);
  • Não houve aumento das estações com amostras boas, entre 2016 e 2019: seguiram em 3,6%.

 

*Veja a arte ao final desta reportagem.

Sacola plástica boia na Ilha do Fundão, na Baía de Guanabara — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Sacola plástica boia na Ilha do Fundão, na Baía de Guanabara — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Dezoito mil litros de esgoto por segundo

De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), foram tratados 31,3% do esgoto gerado no estado do Rio de Janeiro em 2018, taxa menor do que os 36,5% de 2010. A região hidrográfica da Baía de Guanabara é composta por 17 municípios. Estima-se que a baía receba 18 mil litros de esgoto por segundo, de mais de 13 milhões de habitantes.

Ainda segundo o SNIS, os municípios de Cachoeira de Macacu, Duque de Caxias, Itaboraí, Magé, Nova Iguaçu, São Gonçalo, São João de Meriti e Tanguá têm menos de 30% do esgoto tratado.

Esgoto jorra nas águas da Baía de Guanabara — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Esgoto jorra nas águas da Baía de Guanabara — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Representantes da sociedade civil e do setor público consideram que a piora dos índices reflete o descompasso entre o crescimento populacional da Região Metropolitana, historicamente conjugado com a ocupação irregular do solo, e a oferta de infraestrutura de saneamento básico – o esgoto doméstico não tratado é a principal fonte de poluição.

“Quase nada foi feito. Não é de se estranhar que não houve grandes melhoras. O nosso grande vilão é o esgoto doméstico, que vai direto para a baía, porque o entorno é muito pouco tratado. Enquanto não resolver isso, o resto todo é firula. Sob o ponto de vista prático, piorou pouco”, comentou Paulo Canedo Magalhães, ex-presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABHidro).

 

Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) afirma que ações de saneamento básico são de competência dos municípios e das concessionárias.

Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) diz ser responsável pelos serviços de esgotamento e abastecimento em alguns dos municípios do Rio, mas não em toda a Região Metropolitana. Informa também que não faz a gestão de corpos hídricos (rios, canais, córregos).

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