O mercado do vinho no país vinha crescendo em volume ininterruptamente fazia mais de vinte anos. Com a pandemia do coronavírus e a paralisação de muitos negócios, está começando a vivenciar uma crise sem precedentes.
Mas existe a esperança de que, mesmo assim, o consumo da bebida se mantenha, como ocorreu em 2014, ano em que o PIB decresceu apenas 0,1% e, mesmo assim, o volume aumentou.
Fiz uma pesquisa para tirar um retrato do mercado brasileiro neste momento. Foi um questionário respondido por 1 000 pessoas, realizado entre os dias 18 e 22 de abril, com os seguidores de minhas redes sociais. A pesquisa também foi divulgada no WhatsApp.
O perfil dos participantes é de gente já envolvida com vinho, em sua maioria entre 25 e 55 anos de idade, com ligeira maioria do sexo masculino. Esse levantamento foi complementado com entrevistas com players do trade. Veja algumas conclusões.
Aumento no consumo
Nas respostas, 63% declararam a tendência. o dado confere com as importações, que tiveram no primeiro trimestre deste ano crescimento de 15,4% em relação ao mesmo período de 2019, ainda que com o dólar alto.
Do que gosta o público
A pandemia parece não ter mudado o gosto do brasileiro. Manteve-se a preferência por tintos, vinhos do Chile e cabernet sauvignon.
Esvaziando a adega
Na pergunta sobre compra, a maioria respondeu que tem adquirido mais (57%), mas esse porcentual está abaixo dos que declararam beber mais (67%). A explicação é que os consumidores estão diminuindo seus estoques caseiros.
Canal de compra
A liderança, como antes da Covid-19, continua sendo das grandes redes varejistas, que, embora não revelem números, reportam ter crescimento de dois dígitos no período. A pesquisa mostra ainda um grande crescimento do e-commerce, que normalmente responderia por 10% a 15% das vendas, e no levantamento chegou a 35%. O dado confere com números das principais lojas virtuais brasileiras de vinho. Outro canal emergente é o WhatsApp.
Paralisação dos serviços
O consumo no setor de hotéis, restaurantes e bares foi muito afetado. Esse canal que normalmente responde por cerca de 10% de todo o vinho tomado no país está totalmente parado no momento.
Sobre o futuro próximo, a maioria disse que pretende manter o atual nível de consumo. Contudo, é precipitado tirar conclusões sobre isso, já que a primeira fase de quarentena tem a possibilidade levar a uma euforia, que pode depois se retrair.
O mercado é resiliente em crises e, provavelmente, tende a não sofrer retração em volume. As mudanças, contudo, são profundas e grandes oportunidades podem surgir.