Em um mundo cada dia mais digital e interativo, o campo da tecnologia segue impulsionando o mercado de trabalho e criando novas demandas em todas as profissões. Até carreiras mais tradicionais como a de advogados, médicos ou engenheiros passaram a incorporar de forma crescente a tecnologia da informação em seus processos cotidianos. A Folha de Pernambuco buscou especialistas da área para falar desse universo e sugerir caminhos para quem deseja ingressar nesse setor.
Pesquisa recente da empresa LinkedIn revela que das 15 profissões que tendem a crescer em 2020, 13 são da área tecnológica. Em primeiro lugar, o gestor de mídia sociais crescerá, em média, 122% ao ano. Em seguida, o engenheiro de cibersegurança terá crescimento de 115%. Outras especialidades como a de cientista e engenheiro de dados, especialista em inteligência artificial e programador de Java Script também se destacaram entre as mais promissoras.
Entre os fatores que provocam essa alta demanda por profissionais de tecnologia estão o desenvolvimento da economia criativa, a consolidação e popularização dos aplicativos de entregas e outras inovações como o compartilhamento de caronas, hospedagens e a chamada tecnologia disruptiva, ou seja, produtos e serviços que rompem com os padrões estabelecidos nos diversos segmentos profissionais.
“O crescimento dessas profissões da área de tecnologia se deve, sobretudo, pela transformação digital que o mundo vem passando. Todos os processos hoje tem sido mediados pela tecnologia, do atendimento ao cliente ao estoque, toda parte de formação das empresas passam pela área. Isso requer que mais profissionais sejam formados e talvez explique o crescimento dessas profissões que foi feita pelo LinkedIn”, avalia Marcela Valença, gerente do Eixo de Pessoas do Porto Digital.
Ela conta que apesar da alta demanda, em Pernambuco ainda há carência de mão de obra qualificada e isso tem a ver com a falta de informação sobre esse segmento de mercado. “A gente precisa ter uma mudança de cultura porque as famílias tradicionalmente entendem que existem algumas profissões que dariam sucesso às pessoas”, diz Marcela.
Para mudar esse quadro, empresas como o Porto Digital tem atuado não só na formação de pessoas que já atuam na área como de profissionais que nunca tiveram contato com tecnologia, por meio de parcerias com outras empresas, escolas e universidades.
Flávia Brito, CEO da Bidweb, empresa de segurança digital, relata que não por acaso sua empresa cresceu três dígitos em 2018. Além de ser uma das especialidades mais demandadas, a segurança de dados é a mais bem paga. Esse crescimento acompanha a mudança nas leis em relação ao tema. Uma nova legislação foi regulamentada tanto na Europa quanto nos Estados Unidos e deve entrar em vigor no Brasil em agosto deste ano, regulamentando a segurança e proteção e privacidade de dados. “Existe uma demanda crescente para aplicações a serem desenvolvidas de inteligência artificial, correlacionamento de dados e tudo isso precisa da mão de obra qualificada para se desenvolver”, afirma.
E para ajudar a recrutar profissionais, Porto Digital realizará, em 2020, uma ação na capital e interior do estado chamada Central de Pessoas. “Nós estamos juntando um conjunto de empresas e vendo quais são as necessidades por profissionais”, explica Marcela Valença.
Formação
O Porto Digital lançou, em junho de 2019, em parceria com instituições de ensino superior, cursos de formação e capacitação na área de desenvolvimento de software e negócios. As matrizes curriculares foram construídas com a participação do conjunto de empresários do parque para atender à demanda atual por profissionais e garantir o crescimento sustentável do polo tecnológico.
Entre os diferenciais desses cursos está a residência. A ideia, emprestada dos cursos de medicina, é que esses profissionais em formação já se integrem às empresas do parque por meio de imersão. “A gente entende que, em grande medida, os cursos que estão sendo ofertados estão desconectados com as necessidades do mercado. A ideia é que os alunos estejam imersos desde o primeiro momento nas empresas”, explica Marcela.