Elas já são a maioria da população, do eleitorado e no ensino superior. Porém, as mulheres ainda têm que conviver com inúmeras desvantagens, como receber salários menores que os homens e ocuparem apenas 38% dos cargos de chefia, como presidente em empresas brasileiras, cuja representação beira os 18%. Assim, com tantas adversidades, muitas mulheres entendem que apenas elas mesmas podem se salvar de um mundo tão hostil ao feminino; e, desta forma, decidem começar um negócio próprio. E é justamente aí que muitas optam por franquias, e, em especial, aquelas chefiadas por outras mulheres. Um caso marcante é o da Cuidare, franquia de cuidadores de pessoas, focada em idosos, que possui 75% de suas unidades comandadas por mulheres.
À frente deste pelotão de empreendedoras está Izabelly Miranda, 30 anos, que abriu a Cuidare em 2013 com o intuito de se realizar profissionalmente em sua área de formação, a enfermagem. “Depois de ter adquirido o know-how, resolvemos expandir o nosso sucesso por todo o país”. A partir de 2016, então, a Cuidare entrou no mercado de franquias.
Para sempre ter um bom relacionamento com franqueadas e franqueados, Izabelly Miranda reflete sobre os próprios problemas que enfrentou quando desejou empreender. “Há dificuldades para todos, homens e mulheres. Todavia, a minha dica é que desde que tenhamos amor, confiança em nosso trabalho, muita dedicação e perseverança, sem dúvida, as chances de sucesso serão grandes. Não adianta sonhar apenas, tem que colocar em prática”, enfatiza.
Atualmente, a marca possui 60 franquias espalhadas por 21 estados. Destas, 45 são administradas por mulheres, como Evelyne Bahiense, franqueada da Barra da Tijuca (RJ), que relata a transformação que a Cuidare fez em sua vida. “Eu estava frustrada profissionalmente, trabalhando sem prazer. Sempre quis ter meu próprio negócio e ajudar pessoas. Pesquisei o que estava em alta e o que tendia a crescer cada vez mais. A Cuidare foi, de longe, a melhor opção que encontrei. Hoje faço o que amo e ainda recebo por isso”, conta.
A empresária pontua ainda a flexibilidade que o mercado exige, sobretudo se tratando de mulheres empreendedoras com filhos. “Ser empreendedora permite a nós mulheres, que já nos viramos em mil, respirarmos e flexibilizarmos nossas agendas para viver tudo o que precisamos em seu devido tempo. Consigo cuidar da família, da casa e da minha empresa com uma dedicação que não conseguiria em um emprego formal com horário de entrada e saída. Hoje já somos maioria no empreendedorismo brasileiro”, ressalta Evelyne.
Além da maioria das franquias da Cuidare serem comandadas por mulheres, os prestadores de serviços, em sua grande maioria, também são do sexo feminino. Isso acontece porque as mulheres normalmente preferem ser atendidas por mulheres. Já entre os homens, não existe preferência declarada; eles não se importam muito com o sexo de quem os atende.
E se empreender faz com que as mulheres consigam uma renda que normalmente não obteriam no mundo assalariado, elas ainda se realizam na vida pessoal. Ter uma empresa espalhada por todo país é um grande orgulho para Izabelly Miranda. “Tudo o que conquistei é fruto de muito trabalho e dedicação. A cada dia, me realizo mais como pessoa, mulher, esposa, mãe e empreendedora”, afirma a empresária, que pretende inaugurar mais 50 unidades até o final de 2020.