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PMs afirmam ter atirado 82 vezes dentro de casa onde 9 foram baleados no Fallet

Os números apresentados em relatório da Polícia Civil obtido pelo G1 sobre as mortes de 9 suspeitos dentro de uma casa no Morro do Fallet, no Catumbi, Região Central do Rio, traduzem a brutalidade do que o inquérito, a princípio, indica ter sido um confronto com traficantes.

Uma perícia realizada no mesmo dia da operação do Batalhão de Choque da Polícia Militar – que deixou 13 mortos na favela, em 8 de fevereiro – identificou ao menos 128 perfurações por tiros em paredes, telhado, escadas, porta e janela do imóvel na Rua Eliseu Visconti.

Moradores do Fallet relatam que, pelo menos, esses nove suspeitos morreram quando já estavam rendidos por agentes na casa. Um dos suspeitos mortos, Felipe Guilherme Antunes, de 21 anos, tinha marcas de facadas no corpo, segundo afirmam parentes.

Um relatório da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro cita “denúncias de supostas execuções sumárias e utilização de tortura” na casa.

O governador Wilson Witzel elogiou a operação em duas ocasiões.

“Nossos militares trabalham com abnegação. Trabalham para defender a todos nós. E o que aconteceu no Morro do Fallet-Fogueteiro foi uma ação legítima da Polícia Militar”, disse Witzel na primeira.

“É aquela história: se tiver de arma na mão de guerra, fuzil, granada, pistola, a polícia vai agir com rigor e esses terroristas vão continuar sendo abatidos. Pra não morrer, larga a arma e se entrega”, falou na segunda.

Quase 200 balas

O laudo de local realizado pela polícia (anexado ao relatório) informa que, dentro da casa, foram recolhidas 198 cápsulas de munição de fuzis e pistolas de diferentes calibres. Embalagens plásticas com maconha e papéis com anotações referentes a entorpecentes também foram encontrados.

No 1º mês de investigação, foram ouvidos na Delegacia de Homicídios da Capital 17 policiais militares do Choque. Eles estavam entre os cerca de 190 agentes que participaram da ação. Seis deles contaram na unidade policial terem participado diretamente da troca de tiros dentro da casa, disparando 82 vezes.

Batalhão de Choque participou de operação no Fallet-Fogueteiro — Foto: Divulgação

Batalhão de Choque participou de operação no Fallet-Fogueteiro — Foto: Divulgação

Os cabos Douglas Luis Pereira e Adailton Saturno da Silva, ambos do GTIC (Grupo Tático de Intervenção de Choque), foram responsáveis por quase a metade dos disparos dentro na casa. Os praças esvaziaram os carregadores das armas que portavam, com 20 projéteis cada.

Segundo os depoimentos, os outros PMs envolvidos no confronto dentro da casa são: cabo Erick Macedo (12 disparos); soldado Diogo Araújo (15 disparos); cabo Bruno Rodrigues (9 disparos); e sargento Thiago Arigoni (6 disparos).

Um sétimo PM, o cabo Francisco da Fonseca Lemos, contou na delegacia ter ficado do lado de fora da residência para cercar ao local. O praça contou ter ouvido tiros e disse ter percebido que um bandido tentava fugir pela laje da casa. Em seguida, o criminoso teria atirado contra o PM.

Casa com marcas de tiros no Fallet — Foto: Thathiana Gurgel/Defensoria Pública

Casa com marcas de tiros no Fallet — Foto: Thathiana Gurgel/Defensoria Pública

Outro ponto em que os depoimentos convergem diz respeito à suposta impossibilidade de preservar o local do confronto. De acordo com os PMs, o local era considerado inseguro.

VIA: G1 | Por Nicolás Satriano

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