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Pesca fantasma: o perigo invisível das redes pesqueiras

A pesca fantasma, também chamada de ghost fishing em inglês, é o que acontece quando os equipamentos desenvolvidos para capturar animais marinhos como redes de pesca, linhas, anzóis, arrasto, potes, covos, e outras armadilhas, são abandonados, descartados ou esquecidos no mar. Esses objetos colocam em risco toda a vida marinha, pois uma vez preso nesse tipo de engenhoca, o animal acaba ferido, mutilado e morto de forma lenta e dolorosa. Animais ameaçados de extinção como baleias, focas, tartarugas, golfinhos, peixes e crustáceos acabam mortos por afogamento, sufocamento, estrangulamento e infecções causadas por lacerações.

Por ano, são largadas nos oceanos cerca de 640 mil toneladas de armadilhas de animais marinhos, que, só no Brasil, chegam a matar milhares de animais por dia.

A pesca fantasma não movimenta a economia, afeta os estoques pesqueiros muitas vezes já esgotados e ainda permanece como uma isca viva atraindo peixes e outros animais de maior porte para a armadilha, que vêm em busca das presas menores que ficaram enroscadas no emaranhado de fios.

O agravante é que, muitas vezes, essas redes de pesca são feitas de plástico, um material que pode demorar centenas de anos para se decompor.

Estima-se que, só no Brasil, a pesca fantasma afeta cerca de 69.000 animais marinhos por dia, que costumam ser baleias, tartarugas marinhas, toninhas (espécie de golfinhos mais ameaçada do atlântico sul), tubarões, raias, garoupas, pinguins, caranguejos, lagostas e aves costeiras.

O cenário é catastrófico. Segundo o relatório da World Animal Protection, a pesca fantasma já afetou 45% dos mamíferos marinhos presentes na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Recifes de corais superficiais, que são ecossistemas já em perigo, também sofrem degradação devido à pesca fantasma.

Geração de microplástico

A pesca fantasma é mais um gerador de microplástico no oceano. Se o plástico no formato normal já é prejudicial, no formato micro (que é o destino da maioria deles), ele é traiçoeiro. Apesar de ser praticamente invisível, por ser muito pequeno, o microplástico tem a propriedade de adentrar na cadeia alimentar (saiba mais sobre esse tema na matéria: “Entenda o impacto ambiental do lixo plástico para a cadeia alimentar”).

Ingerir microplásticos contaminados não é muito difícil, uma vez que, desde o final da II Guerra Mundial, eles já estão contaminando o ambiente.

Quem come frutos do mar regularmente ingere cerca de 11 mil pedaços de microplásticos por ano. Mas não é só em frutos do mar que ele é encontrado. Há microplásticos no sal, no ar e na água.

Como esse material pode durar centenas de anos no mar, a ameaça se estende a longo prazo.

E como se não bastasse o microplástico ser prejudicial por si só, ele ainda tem a propriedade de absorver substâncias nocivas do meio ambiente, como os poluentes orgânicos persistentes (POPs). Dentre esses poluentes estão os PCBs, os pesticidas organoclorados, o DDE e o nonifenol.

Os POPs são tóxicos e estão diretamente ligados a disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas. Eles ficam durante muito tempo no ambiente e, uma vez ingeridos, têm a capacidade de se fixarem na gordura do corpo, no sangue e nos fluidos corporais de animais e humanos.

Estima-se que, só em 2017, as crianças ingeriram mais 750.000 micropartículas de plástico.

Dados internacionais

Soluções para a pesca fantasma no Brasil

Fontes e adaptação de World Animal Protection, Ghost Fishing

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