Entenda como a leitura pode ser uma aliada na prevenção e no manejo da doença de Alzheimer, promovendo saúde mental e bem-estar
Por: Maria Eduarda Cortez – SEO Marketing
A doença de Alzheimer afeta cerca de 1,2 milhão de brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). Essa condição neurodegenerativa, que compromete a memória e outras funções cognitivas, têm gerado crescente preocupação na sociedade.
Pesquisas recentes indicam que o hábito de leitura pode desempenhar um papel crucial na manutenção da saúde cerebral e na prevenção do Alzheimer.
O dia nacional de conscientização da doença de Alzheimer, celebrado em 21 de setembro, reforça a importância de iniciativas que contribuam para o bem-estar dos pacientes.
Entre elas, a leitura se destaca como uma ferramenta poderosa para estimular a mente e melhorar a qualidade de vida de pessoas afetadas pela doença.
A relação entre leitura e saúde mental
Ler é mais do que uma atividade recreativa. Diversos estudos indicam que esse hábito ativa áreas específicas do cérebro, promovendo conexões neurais e retardando o declínio cognitivo. A leitura frequente estimula funções como memória, atenção, linguagem e raciocínio lógico.
A prática regular da leitura ajuda a fortalecer as sinapses neurais, funcionando como um “exercício” para o cérebro, o que é essencial para manter a mente ativa com o passar dos anos.
Benefícios da leitura na terceira idade
A terceira idade é um momento que exige cuidados redobrados com a saúde mental. Incorporar a leitura como atividade regular pode trazer uma série de benefícios a curto e longo prazo. Entre os principais estão:
- Retardo no declínio cognitivo: estudos mostram que idosos que leem com frequência apresentam menor risco de desenvolver sintomas severos de Alzheimer.
- Melhora da memória recente: o ato de ler e relembrar detalhes de histórias, personagens e enredos ajuda a exercitar a memória de curto prazo.
- Estímulo da linguagem e comunicação: ler amplia o vocabulário, melhora a articulação das ideias e contribui para conversas mais fluídas.
- Sensação de pertencimento e propósito: especialmente em grupos de leitura, os idosos encontram novos objetivos, rotinas e vínculos sociais.
É importante também considerar que a leitura pode ser adaptada à realidade de cada indivíduo.
Dicas práticas para incorporar a leitura na rotina
Mesmo para quem nunca teve o hábito, é possível introduzir a leitura na vida cotidiana com ações simples e eficazes. Abaixo, algumas estratégias práticas para estimular esse hábito, principalmente em idosos com risco ou diagnóstico de Alzheimer:
- Comece com leituras curtas e leves: contos, crônicas ou poesias podem ser menos cansativos e mais atrativos do que livros longos.
- Respeite os horários e preferências: alguns idosos preferem ler pela manhã, enquanto outros se concentram melhor à noite. Adaptar o momento da leitura ao ritmo da pessoa é essencial.
- Use audiolivros e recursos digitais: para aqueles com dificuldades visuais ou motoras, os audiolivros são uma excelente alternativa.
- Inclua familiares e cuidadores: a leitura em voz alta, feita por netos, filhos ou cuidadores, promove conexão afetiva e estimula o diálogo.
- Crie um espaço aconchegante: um ambiente confortável e silencioso favorece a concentração e transforma a leitura em um momento de prazer.
Algumas páginas por dia já são suficientes para gerar benefícios à saúde mental e promover estímulos relevantes ao cérebro.
Livros como ferramenta de prevenção
A leitura de livros pode ser considerada uma intervenção não farmacológica eficaz no combate à progressão da doença de Alzheimer.
Ao mergulhar em narrativas, o leitor precisa reter informações, construir conexões e desenvolver interpretações, todas essas habilidades são exigências cognitivas valiosas, especialmente para quem está em fase inicial da doença ou deseja preveni-la.
O que dizem os estudos?
Pesquisas da Universidade de Chicago revelaram que atividades intelectualmente estimulantes, como a leitura, criam uma reserva cognitiva que pode atrasar o aparecimento de sintomas do Alzheimer.
Um estudo de 2013 publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) concluiu que pessoas que liam regularmente desde a juventude apresentavam menos placas e emaranhados cerebrais associados à doença, mesmo quando já haviam sido diagnosticadas.
Mecanismos de ação
O estímulo cerebral provocado pela leitura funciona de maneira semelhante a um treinamento mental. Quando a leitura é constante, o cérebro se adapta e fortalece suas conexões neurais.
Isso ajuda a compensar possíveis perdas cognitivas que ocorrem naturalmente com o envelhecimento. Ao manter o cérebro em “movimento”, a leitura contribui para a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de adaptação e reorganização do sistema nervoso.
Estímulo cognitivo
Diferente de outras formas de entretenimento passivo, como a televisão, a leitura exige esforço ativo do leitor. Ele precisa imaginar cenários, lembrar personagens e interpretar significados ocultos.
Isso fortalece o córtex pré-frontal, responsável por funções como julgamento, atenção e tomada de decisão, áreas que costumam ser afetadas precocemente pela doença de Alzheimer.
Melhora na qualidade de vida
O impacto da leitura vai além dos aspectos neurológicos. Pessoas com Alzheimer que mantêm contato com livros relatam maior sensação de paz, conexão com o presente e redução de episódios de confusão.
Histórias com carga emocional positiva, lembranças afetivas e até textos religiosos ou filosóficos podem proporcionar conforto e estimular a memória afetiva.
Projetos de leitura em comunidades
Diversas iniciativas no Brasil têm explorado a leitura como recurso terapêutico para idosos. Programas em bibliotecas públicas, centros de convivência e casas de repouso vêm promovendo encontros literários com foco na prevenção e bem-estar mental.
Alguns projetos vão além da leitura silenciosa, incentivando rodas de conversa, leitura dramatizada e debates temáticos.
Essas ações mostram que o hábito da leitura, quando cultivado em grupo, pode ser ainda mais potente. Além de estimular o cérebro, reforça laços sociais e dá ao idoso um espaço de expressão e escuta, o que é fundamental para sua saúde integral.
Escolha de livros
Na hora de escolher os livros, é importante priorizar obras que despertem interesse genuíno do leitor. Autores conhecidos, histórias inspiradoras e memórias pessoais são excelentes opções.
Evitar leituras muito densas ou com vocabulário excessivamente técnico é fundamental para manter a experiência agradável.
Histórias que resgatam valores humanos, fé, superação e espiritualidade também têm grande impacto positivo. São leituras que alimentam não só a mente, mas também o espírito, promovendo reflexões profundas e fortalecendo o emocional.
Criação de grupos de leitura
Iniciativas que envolvem a criação de grupos de leitura, seja em centros espíritas, igrejas, associações de bairro ou mesmo online, têm mostrado resultados expressivos.
Esses espaços criam uma rotina social, ampliam o repertório de temas discutidos e reduzem o isolamento social que é um dos fatores que mais contribuem para o avanço do Alzheimer.
Além disso, quando as leituras são compartilhadas, geram memórias coletivas, fortalecem vínculos e transformam a experiência individual da leitura em algo mais profundo e significativo.
A leitura como aliada na saúde cerebral
A ciência já demonstrou que o cérebro é um órgão dinâmico. Mesmo diante de uma condição como o Alzheimer, ele responde a estímulos positivos e pode preservar funções importantes por mais tempo quando é bem cuidado.
Incorporar a leitura como hábito diário é um dos caminhos mais acessíveis, eficazes e prazerosos para esse cuidado.
E quando essa leitura envolve valores, espiritualidade e reflexão, como ocorre nos livros espíritas, os benefícios podem se estender também ao fortalecimento interior, contribuindo para uma vida mais significativa mesmo em meio aos desafios de uma doença como o Alzheimer.


