Bacellar se reúne com prefeitos em Búzios um dia após demissão de Washington Reis

Governador em exercício se reuniu com Flávio Bolsonaro e prefeitos da Região dos Lagos em meio à turbulência política causada pela demissão do secretário de Transportes

Nesta sexta-feira (4), o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar (União Brasil), em exercício como governador durante a viagem internacional de Cláudio Castro (PL), esteve em Búzios para uma série de agendas políticas e administrativas. A visita, no entanto, ocorreu em meio a um cenário de tensão política provocado por sua decisão de exonerar, na véspera, o secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), seu desafeto e possível adversário na disputa pelo Palácio Guanabara em 2026.

O ato de Bacellar, tomado sem o aval do governador titular, deflagrou uma crise dentro da base aliada ao governo estadual e dividiu o campo da direita fluminense. Apesar da repercussão negativa em setores do PL, Bacellar usou a visita à Região dos Lagos para reforçar seu alinhamento com o bolsonarismo e sinalizar sua intenção de disputar o governo do estado.

Durante um almoço político realizado em um restaurante de Búzios, Bacellar esteve acompanhado do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além de prefeitos e deputados estaduais que integram sua base de apoio. O encontro teve como anfitrião o prefeito de Búzios, Alexandre Martins (Republicanos), eleito com apoio da direita em 2024. Estiveram presentes também os prefeitos Daniela Soares (Araruama), Fábio do Pastel (São Pedro da Aldeia) e Rildo Neves (Trajano de Moraes), todos do PL.

A comitiva incluiu ainda os deputados estaduais Rodrigo Amorim (União), Alexandre Knoploch (PL) e Chico Machado (Solidariedade), considerados a “tropa de choque” de Bacellar na Alerj. A visita faz parte de uma estratégia já vista no fim de junho, quando Bacellar também assumiu o governo durante outra ausência de Castro e percorreu municípios do interior.

Além do almoço político, a agenda de Bacellar em Búzios incluiu o lançamento de uma obra de pavimentação, a inauguração de uma base do Segurança Presente e o anúncio de um serviço itinerante de retirada e regularização de documentos organizado pela Secretaria de Defesa do Consumidor.

Enquanto isso, Washington Reis, que foi pego de surpresa com a exoneração, afirmou nesta sexta que a decisão “não tem valor jurídico” e que vai tratar de sua permanência no governo diretamente com Cláudio Castro. Reis cumpriu agenda em Duque de Caxias, onde recebeu o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD), na Fazenda Paraíso — projeto de reabilitação de dependentes químicos no município.

Aliados de Bacellar reagiram rapidamente e tentaram colar em Reis a imagem de aliado do presidente Lula (PT), resgatando sua atuação em campanhas do PT no passado e sua recente aproximação com o prefeito Eduardo Paes (PSD), um dos principais aliados de Lula no estado. A tentativa é desqualificá-lo perante o eleitorado bolsonarista.

Apesar disso, a forma como a exoneração foi conduzida desagradou lideranças importantes do PL. O deputado federal Sóstenes Cavalcante chamou Reis de “futuro governador” em uma rede social. Já Carlos Jordy (PL) criticou a “arrogância monstruosa” de Bacellar, e o senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirmou que o governador em exercício “causou desunião” e “não representa a direita”.

Com a disputa pelo apoio do bolsonarismo escancarada, a visita de hoje a Búzios não apenas serviu como palco para anúncios administrativos, mas também evidenciou que a corrida pelo Governo do Estado já começou — e está longe de ser tranquila.

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