A polícia vai ouvir, na manhã desta sexta-feira (4), a chefe de gabinete do prefeito e o secretário especial. O delegado da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) quer saber se existia alguém na hierarquia da prefeitura acima de Marcos Luciano, que é apontado como o chefe dos Guardiões do Crivella.
Os depoimentos de Margarett Rose Nunes Leite Cabral, chefe de gabinete do prefeito, e de Ailton Cardoso da Silva, secretário especial da prefeitura, estão marcados para as 11h.
A Draco é a responsável por investigar as ações do grupo denominado “Guardiões do Crivella” – funcionários da prefeitura pagos para intimidar jornalistas e cidadãos nas portas de hospitais da rede municipal.
Margarett, sendo chefe de gabinete, é considerada superior do Marcos Luciano, que é um assessor especial lotado no gabinete do prefeito. Sobre a situação dela, a prefeitura disse que ela é inserida em diversos grupos sem que tenha ingerência sobre eles.
O caso foi mostrado em uma reportagem especial do RJ2.
“A simples análise do que foi exibido já permite que a gente conclua a existência de três crimes: o atentado à segurança do serviço de utilidade pública, no caso, a imprensa; a associação criminosa, tendo em vista que eles se organizaram para impedir o livre exercício do jornalista; e a advocacia administrativa, considerando que eram agentes públicos exercendo uma função que não era de interesse público”.
Outro nome que surgiu foi o de mariana Angélica Toledo Gonçalves, apontada como braço direito de Marcos Luciano. Segundo testemunhas, as pessoas tinham medo das ameaças que Marcos Luciano e a Mariana faziam. De acordo com elas, ameaças de demissões ocorriam com frequência, caso eles não cumprissem com o determinado, que era ficar na porta dos hospitais, mesmo no auge da pandemia.
Segundo o delegado, ainda é prematuro afirmar que qualquer pessoa que possua prerrogativa de foro esteja envolvida nas atividades do grupo – de acordo com William Pena, a participação em um grupo de WhatsApp não significa conduta criminosa.
Referindo-se ao prefeito Marcelo Crivella, ele afirmou que, caso seja apurada a participação de alguma pessoa com prerrogativa de foro, a situação será encaminhada às autoridades competentes.
Ele informou que as investigações da Draco e do Ministério Público do Rio de Janeiro são procedimentos separados.
Após o depoimento de Marcos Luciano, que seria o coordenador dos “Guardiões do Crivella”, a polícia concluiu ele de fato estava lotado no gabinete do prefeito.
“Agora vamos avançar. Com todo esse conteúdo que foi apreendido — notebooks, tablets e celulares –, vamos saber se ele era mesmo o líder ou se havia alguém acima dele. Para isso, vamos intimar a Chefia de Gabinete até sexta-feira (4). Queremos saber quais as funções desses agentes comissionados lotados ali”.
Ainda de acordo com o delegado, os integrantes dos grupos de WhatasApp serão intimados a prestar esclarecimentos na delegacia, caso fique constatado que eles tinham ciência do conteúdo das conversas.
Câmara barra impeachment contra Crivella
Nesta quinta-feira (3), a Câmara dos Vereadores do Rio decidiu por maioria simples — 25 votos a 23 — barrar o processo de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).
A denúncia feita à Casa foi fundamentada na revelação do RJ2 sobre a existência do grupo “Guardiões do Crivella”.
As discussões duraram quase 4 horas, numa sessão híbrida – presencial e remota, em meio à pandemia de coronavírus.
Houve momentos inusitados, como um vereador usando uma camisa do Flamengo, uma vereadora participando remotamente da sessão em um carro e outra comendo pipoca no plenário da Câmara.
No total, a Câmara tem 51 vereadores e a votação se deu por maioria simples: para aprovação, bastava a maioria dos votos dos parlamentares presentes.